Um dos lugares mais bonitos que as trilhas me apresentaram dentro do nosso quadradinho foi a Capelinha de São Francisco de Assis, na região rural do Gama.
É um lugar magnífico, no melhor sentido do termo. Exatamente como um templo dedicado a Francisco de Assis deve ser. É uma capela pequena, que fica no alto de um monte, de onde contemplamos o espetáculo da natureza. A capela tem vitrais que nos permitem descortinar esse esplendor mesmo de seu interior.
Embora seja linda, a capela torna-se uma pequena peça desse deslumbrante cenário, uma parte da natureza que a circunda. A simples visão dessa capela já vale a visita.

Fiz a trilha duas vezes. Não é fácil, mesmo em sua versão menor, de cerca de 5 km (há algumas que chegam a 10 km). Há muitas subidas e descidas, que exigem preparo físico daqueles que se propõe a fazê-la. Alguns trechos são tão íngremes que, em períodos de chuva, demandam a utilização de uma corda para auxiliar a subida e a descida. As pedras soltas e alguns pontos escorregadios exigem especial atenção. Também é difícil porque, embora estejamos cercados pela natureza, a trilha não tem cobertura, e nos períodos de sol, estamos expostos ao calor e ao sol forte, e na chuva, com certeza vamos nos molhar. Nesse período o intento exige especial cuidado, pois alguns de seus trechos podem se tornar escorregadios, com perigos de quedas e distensões. Por isso, é recomendado que se utilize uma bota, com solado próprio e cano alto para manter os pés firmes e protegê-los de possíveis lesões. Não se recomenda, de forma alguma, utilizar chinelos ou tênis comuns, dos que utilizamos em academia, que ajudam a transformar o solo em sabão e nos fazem tropeçar e cair. Também é recomendado utilizar calças compridas e mangas longas, para proteger do sol, dos atritos com a vegetação e de picadas de animais. Também é imprescindível o uso de chapéu e óculos de proteção.

Embora dê trabalho e mereça atenção constante, o percurso compensa o esforço. Em vários momentos subimos em morros onde é possível ter uma visão ampla da natureza. Também vemos a capela de vários pontos, maior ou menor de acordo com a distância que tomamos dela. Em todos esses pontos, sua beleza e esplendor simples impressionam.
É muito comum que essa trilha seja feita no pôr-do-sol. Nas duas vezes que fiz foi assim. Nesse caso, nos encontramos por volta das 14 horas, fazemos a trilha e voltamos para a capela a tempo de ver o pôr do sol a partir dela. Da última vez, estendemos uma toalha no chão e fizemos um piquenique no alto do morro, com um olho na capela e outro no pôr do sol, enquanto compartilhamos um lanche simples e maravilhoso, formado pelo que cada um de nós tinha em suas mochilas, enquanto conversávamos sobre nossas impressões e nossos planos de próximas trilhas e travessias. Foram momentos inesquecíveis.
Pretendo retornar a esse lugar muitas vezes. É uma daquelas trilhas que ficam impressas no coração: quero fazer de novo, e de novo, e de novo, porque sei que cada uma das vezes que fizer terei uma nova visão desse quadro esplêndido que a natureza desdobra diante de nossos olhos, e do qual a capela de Francisco de Assis é uma parte tão integrada que parece ter sido colocada ali pelo mesmo Ser que fez os montes, as árvores e as flores que adornam esse espetáculo.