O novo filme da franquia Avatar trouxe de volta uma expressão que é utilizada pelo povo Na’vi, nativo de Pandora: “Oel Ngati Kameie” (“Eu vejo você”)
Embora tenha sido amplamente popularizada a partir do primeiro filme da franquia, a expressão não foi criada por seus roteiristas. Ela é bem mais antiga.
Entre as tribos de Natal, na África do Sul, a saudação mais comum é “Sawubona”, que em zulu significa “eu vejo você”. Em resposta a essa saudação, as pessoas dessas tribos costumam dizer “Shikoba” que quer dizer “então eu existo para você”.
Essa saudação tem um significado muito profundo.
Ver alguém significa muito mais do que simplesmente enxergar. É perceber e aceitar o outro como é, com suas virtudes, nuances, e também com seus defeitos.
Aquele que a faz diz: eu te respeito, eu te valorizo, você é importante para mim. Toda minha atenção está com você, eu vejo você e me permito descobrir suas necessidades, seus medos, me aprofundar nos seus erros e aceitá-los. Eu aceito você como você é, e você faz parte de mim.”
Ver a dor, os potenciais. Aceitar e amar o que eu vejo, mesmo aquilo que não me agrada, o que não consigo entender. Ver sem julgar, ir além das expectativas e projeções.
Significa ver o outro com um olhar amoroso, com compreensão, acolhimento e conexão. Compreender sua humanidade e divindade, que existem também dentro de mim. Reconhecer que somos diferentes e, ao mesmo tempo, temos muito em comum.
A partir dessa compreensão, receber incondicionalmente o outro, e ao fazê-lo, permitir que o outro se veja e se aceite como é, e tenha a liberdade de se manifestar sem filtros, sem máscaras e sem medos.
Eu só consigo ver o outro porque também consigo me ver, me aceitar e me manifestar como sou, sem medo.
Reconhecer o outro é lhe dar o direito de existir, de ser diferente, e sobretudo de ser quem ele é. E ao mesmo tempo, dar a si mesmo esse mesmo direito. Romper os pesos e as correntes das expectativas, e a necessidade de atendê-las.
“Eu vejo você. Eu vejo tudo que há em comum entre nós. Eu vejo nossas diferenças. Eu vejo o que te move. Eu vejo a sua dor. Eu vejo os seus potenciais. Eu vejo você e aceito tudo o que eu vejo, mesmo aquilo que não me agrada, mesmo aquilo que não encaixa nos meus padrões.
E vendo você, eu também existo e vejo a mim mesmo, com todos esses elementos. Eu me reflito no outro, e vendo-o, também me vejo como sou, me aceito e amo.
Que essa frase torne-se nosso mantra. Vamos repeti-la sempre, aprendendo a deixar de lado os pensamentos que julgam, que criticam, que classificam e que insistem em pré conceituar e diminuir o outro.
EU VEJO VOCÊ!