Nos caminhos do artista.

No domingo, dia 9 de julho de 2023, o Coletivo Filhas da Mãe promoveu uma caminhada em homenagem aos 105 anos do nascimento de Athos Bulcão. A caminhada foi feita pela asa norte, onde há vários espaços em que podem ser vistas obras do artista, em especial azulejos e outras formas que ornamentam prédios públicos, escolas, edifícios residenciais e comerciais.

Athos Bulcão nasceu no Catete, Rio de Janeiro, em 2 de julho de 1918. Passou sua infância em uma casa ampla em Teresópolis. Foi criado por seu pai, pois sua mãe morreu de enfisema pulmonar quando ele tinha apenas 5 anos. Durante a infância teve muito acesso à arte em várias de suas formas. Em companhia dos irmãos, frequentava o teatro e as óperas, e já ensaiava os primeiros desenhos. Mais adiante, tornou-se amigo de grandes artistas brasileiros, que foram responsáveis por seu interesse e formação, tais como Carlos Scliar, Jorge Amado, Pancetti, Enrico Bianco – que o apresentou a Burle Marx -, Milton Dacosta, Vinicius de Moraes, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Ceschiatti, Manuel Bandeira entre outros.

Aos 21 anos conheceu Portinari, com quem trabalhou como assistente no Mural de São Francisco de Assis, na Pampulha (Belo Horizonte/MG). Foi por meio de Portinari que Athos conheceu Oscar Niemeyer, que o convidou para trabalhar em Brasília. Foi o início de uma relação de amor com a cidade, que deixou muitos presentes para os que moram ou visitam a capital. Essa relação durou até a sua morte, no ano de 2008.

Há obras de Athos Bulcão espalhadas por toda a cidade. Algumas das mais conhecidas estão no Aeroporto Juscelino Kubitscheck, porta de entrada da capital, na Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima, no Cine Brasília, no Teatro Nacional, no Brasília Palace Hotel e no Parque da Cidade, para citar apenas alguns que estão na parte sul da cidade.

Na caminhada, pudemos conhecer alguns pontos que ficam na parte norte da cidade. Vitor Borisow, voluntário do Coletivo Filhas da Mãe, deu uma aula a céu aberto sobre azulejos, cores, texturas, formatos, arquitetura da Capital e sobre a vida de Athos Bulcão.

Iniciamos a caminhada na Fundação Oswaldo Cruz, onde há um mural de azulejos projetado pelo artista. Na Universidade de Brasília também foi possível contemplar diversas obras. Seguimos para a Escola Classe 407 norte, onde há obras do artista na frente, atrás e na lateral do prédio da escola. Também foi possível conhecer um conjunto de prédios residenciais na 107 norte, destinado aos professores da Universidade de Brasília, que contam com azulejos projetados pelo artista em sua fachada. Por fim, prédios comerciais que receberam obras do artista também foram visitados.

Foi uma manhã de compartilhamento e aprendizado. Caminhar pelos passos de um grande artista mostra o quanto é importante conhecer e valorizar essa cidade, que é um museu a céu aberto. Em Brasília, a cada passo nos deparamos com verdadeiros monumentos feitos pela natureza, como os belos ipês, as flores e pássaros. Também encontramos obras feitas pelas mãos de artistas humanos, nas áreas cívicas, como a Esplanada dos Ministérios, ou mesmo escondidas em prédios, esquinas, simples paredes ou até no chão da cidade. Isso sem falar no seu céu, que nos proporciona os belíssimos nasceres e pores do sol que são especialmente exuberantes neste período do ano.

Obrigada, Athos Bulcão, por tornar essa cidade ainda mais bela e mais rica!

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