“E agora, Senhor, o que tenho para lhe oferecer?”
No dia 6 de janeiro comemoramos os Reis Magos, que são os padroeiros de várias cidades do Brasil, entre elas de Natal, capital do Rio Grande do Norte, estado onde nasci. Esta é uma data importante em muitos lugares em muitas culturas. Em alguns países, se sobrepõe ao próprio Natal, e é nesta data que as pessoas comemoram e as crianças fazem os seus pedidos aos Reis Magos. Também nela se desenvolve a consciência da importância de darmos presentes significativos para os outros e para o próprio Cristo, símbolo do amor e da virtude. Da mesma forma, os presentes entregues a ele simboliza o que existe de mais precioso para cada um.
Quando penso sobre essa data tão significativa, sempre me lembro de um livro, transformado em filme, que reflete muito bem o espírito desse momento. Eu gosto muito e me identifico imensamente com ele, por sua mensagem e o significado. Esse livro narra uma jornada muito significativa, uma travessia que deveria ser simples, rápida, mas acabou durando toda uma vida.
Falo de “O Quarto Sábio”, um filme da década de 80, baseado num antigo conto de Henry Van Dyke. É a história de um quarto rei mago, um quarto sábio, que, como os demais, iria encontrar o menino que nascia, o Rei prometido. Ele pretendia levar ao Rei que nasceria naquela noite a sua oferenda, que seriam três pedras preciosas de grande valor: um rubi, uma esmeralda, e a mais preciosa das três, uma pérola muito rara. Mas chegou atrasado ao local da saída, quando os outros três (Baltasar, Belchior e Gaspar) já haviam saído.
Mesmo atrasado, não desistiu, e partiu sozinho, na esperança de alcançá-los durante o trajeto e chegar a tempo de entregar seus presentes ao Rei e homenageá-lo. Mas em seu caminho encontrou inúmeros povoados e muitas pessoas. Em várias dessas ocasiões, parou para ajudar as pessoas ou comunidades, empregando nessa empreitada seu tempo e as riquezas que tinha, inclusive as pedras preciosas que pretendia oferecer ao Rei.
Já no fim de seu caminho, sem as suas pedras, viu-se diante da oportunidade de encontrá-lo. Pensando ter falhado em seu propósito, fez então a famosa pergunta: “E agora, Senhor, o que tenho a lhe oferecer?” Ouviu do Rei, então, que, em sua trajetória ele o honrou e presenteou da melhor forma, e que compreendeu como ninguém suas palavras. E ele, então,percebeu que havia, sim, encontrado o Rei durante toda a sua vida. Compreendeu que a resposta a sua incansável busca não estava no objetivo que imaginava, mas no próprio caminho que percorreu, nas pessoas que encontrou, no que trouxe e no que deixou com elas. Esses, sim, os verdadeiros tesouros a serem entregues.
Não vou me alongar e nem detalhar muito a história, para não estragar a experiência de quem puder assistir ao filme ou ler o conto – e eu recomendo muito que o façam. Apenas deixo a minha reflexão e o meu desejo de que possamos, como esse sábio, compreender que o verdadeiro significado e a nossa melhor oferta à vida está no tempo que dedicamos e nos tesouros que oferecemos àqueles que são colocados ao nosso lado, aos nossos “próximos”.
Que saibamos dar valor a cada pessoa, a cada presente, sem nunca perder a ocasião de dedicar a cada um deles, a cada momento o nosso melhor, os nossos “tesouros”, sem receio ou avareza, sem esperar ou guardar para um momento que pode não chegar, ou que não será tão precioso quanto o presente ofertado naquele momento.
E que a nossa vida seja repleta de preciosos encontros, onde compartilhamos os valores mais importantes: o amor, a solidariedade, alegria, paz, gratidão.
Uma feliz jornada a cada um!