Trilhas urbanas

A maioria das caminhadas que faço, e que gosto de retratar, são na natureza: pelas praias, parques, cachoeiras e matas, lugares que me encantam e fortalecem a minha conexão comigo mesma, com a minha origem e com a minha essência. Mas os grupos de caminhada também me levaram a diversas experiências de caminhadas urbanas, sobretudo nas noites de lua cheia, em que tive uma visão de uma cidade diferente, bela e arrebatadora.

Nessas caminhadas, pude visitar lugares por que passo todo dia, como a Esplanada dos Ministérios, com um olhar novo.

Numa dessas caminhadas, saímos da Catedral e fomos até o CCBB. Reparei na iluminação dos prédios já bem conhecidos, como a Catedral, o Palácio do Itamaraty, o Supremo Tribunal Federal, a bandeira com seu mastro imponente, cada um com sua cor e encanto, vistos de um modo bem diferente. Reparei no bosque que fica abaixo do Congresso Nacional, que as luzes esverdeadas tornaram mais profundo e resplandecente. Passamos por várias pessoas, ouvimos barulhos e percebemos as paisagens que estavam sempre à nossa frente, às quais nunca demos atenção.

Em outra ocasião, atravessei a pé, pela primeira vez, a Ponte JK, que já havia cruzado de carro algumas centenas de vezes, conhecendo-a de uma maneira nova. Paramos para lanchar na beira do lago, à beira das águas escuras pela noite, iluminadas pela lua cheia que brilhava.

Numa outra caminhada, conheci a Praça dos Cristais, lugar que admito que ainda não sabia que existia. A beleza desse lugar me encantou tanto que retornei em outra ocasião, durante o dia, e caminhei mais um pouco por ali, além de sentar em um de seus bancos e permanecer ali, apenas lendo e contemplando a paisagem.

Essas são as pequenas travessias de nossa vida, aquelas que nos permitem ver o que já conhecemos, sob novas perspectivas, contemplando mais profundamente a beleza dos lugares pelos quais passamos apressados, em nossa correria diária.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *